29 de jan. de 2010

Dieta e exercício físico reduzem igualmente os riscos cardiovasculares

Sem efeito cumulativo
Para se proteger das doenças cardiovasculares, o que é melhor: exercício físico ou dieta?
Tanto faz. A conclusão é de um estudo feito em modelos animais nas faculdades de Medicina e Educação Física, ambas da Universidade de São Paulo (USP).
E mais: o trabalho indicou que a associação das duas abordagens não medicamentosas não resulta em benefício adicional na função cardíaca.
Ou seja, segundo o estudo, escolha a dieta ou o exercício e você ficará bem - mas não adianta fazer os dois, porque os ganhos não são cumulativos.
Obesidade crônica
A explicação dos pesquisadores para isso é que cada uma das intervenções isoladamente já é suficiente para evitar que a obesidade crônica provoque a disfunção cardíaca.
De acordo com Carlos Eduardo Negrão, do Instituto do Coração (InCor), as alterações cardíacas decorrentes da obesidade podem ser evitadas "se a restrição alimentar ou o exercício físico forem utilizados como conduta não medicamentosa para interromper o processo de obesidade crônica", disse.
Mecanismos moleculares
Além de avaliar os efeitos do treinamento físico e da restrição alimentar na função cardíaca, um dos objetivos do estudo foi tentar esclarecer o papel dessas intervenções nos mecanismos moleculares envolvidos nas alterações cardíacas causadas pela obesidade.
"O estudo acrescenta conhecimentos importantes sobre o papel do exercício e da restrição calórica nos mecanismos moleculares associados à função cardíaca na obesidade", disse Negrão.
O experimento
Na pesquisa, ratos wistar machos foram alimentados com dieta normocalórica (quantidade normal de calorias) ou hipercalórica (rica em gordura e açúcar) durante 25 semanas. Após esse período, os animais alimentados com a dieta hipercalórica foram subdivididos em quatro grupos e acompanhados por mais dez semanas.
No primeiro grupo, os ratos continuaram recebendo a dieta hipercalórica e foram mantidos sem treinamento físico. No segundo, continuaram com dieta hipercalórica e foram treinados. No terceiro, deixaram de receber essa dieta para serem submetidos à restrição alimentar (menos 20% da ingestão diária). No quarto grupo, os ratos foram submetidos ao treinamento físico e à restrição alimentar.
"Após a vigésima quinta semana, os animais submetidos à dieta hipercalórica não apresentavam alterações na função cardíaca, embora já apresentassem substancial ganho de peso", explicou Ellena.
"Após mais dez semanas de alimentação rica em gordura e mais ganho de peso corporal, eles apresentaram alteração na força de contração do coração e nas proteínas moleculares envolvidas nessa função. Isso foi evitado nos animais submetidos ao exercício físico ou à restrição alimentar", contou.
Metabolismo das gorduras
Outro resultado importante sobre o papel do exercício e da restrição alimentar alcançado no trabalho está relacionado ao metabolismo de lípides. "A restrição alimentar em associação com o exercício físico diminuiu significativamente a esteatose e a hipertrigliciridemia em animais obesos", disse Ellena.
Mas se por um lado a associação da restrição alimentar e do exercício físico não mostrou efeito cumulativo nos parâmetros cardíacos, por outro lado essas duas intervenções associadas diminuíram a quantidade de gordura estocada no fígado de animais obesos (esteatose hepática) e, também, os níveis de triglicérides plasmático.
"Embora a restrição alimentar isoladamente diminua a quantidade de gordura acumulada no fígado, ela aumentou a concentração de triglicérides plasmático, o que sugere um aumento na resistência hepática à insulina. Esses são achados importantes. Sabe-se que a esteatose, triglicérides aumentados e a resistência à insulina elevam o risco de doença cardiovascular", destacou Ellena.
Segundo a pesquisadora, o trabalho permite concluir que a restrição calórica e a prática de exercício devem ser recomendadas para a prevenção de alterações cardíacas e metabólicas causadas pela obesidade.

Células da pele são transformadas diretamente em neurônios, diz estudo

Células nervosas foram obtidas sem o uso de células-tronco.
Artigo apresentando pesquisa foi publicado na 'Nature'.
Do G1, com informações da Reuters
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Foto: Nature / reprodução

Artigo 'Direct conversion of fibroblasts to functional neurons by defined factors', na 'Nature' (Foto: Nature / reprodução)

Pesquisadores afirmaram nesta quarta-feira (27) ter transformado células comuns da pele diretamente em neurônios, sem necessidade de manipulação de células-tronco. A descoberta tem potencial para acelerar muito o campo da medicina regenerativa.

A experiência abre a perspectiva de que um dia seja possível retirar uma amostra da pele de um paciente para transformar as células em um tecido sob medida para transplantes no tratamento de doenças cerebrais, como os males de Parkinson e Alzheimer, ou para a cura de lesões de coluna.

"Este estudo é um enorme salto à frente", disse Irving Weissman, diretor do Instituto para a Biologia da Célula-Tronco e da Medicina Regenerativa na Universidade Stanford, na Califórnia, onde o trabalho foi feito e patenteado.

Trabalhos anteriores com células-tronco em ratos puderam ser repetidos em humanos em questão de meses.

Os especialistas também esperam reprogramar células comuns para transformá-las em outros tipos de células, de modo a ajudar na substituição de fígados deteriorados e no tratamento de doenças como diabete e câncer.
Resultado surpreendente
Em artigo na revista "Nature," os pesquisadores disseram ter usado apenas três genes para transformar as células cutâneas diretamente em neurônios, que eles batizaram de "células neuronais induzidas".

"Induzimos ativa e diretamente um tipo de célula para se tornar um tipo completamente diferente de célula", disse Marius Wernig, da Universidade Stanford, que dirigiu o estudo. "São neurônios totalmente funcionais. Eles podem fazer todas as coisas principais que os neurônios fazem no cérebro".

Wernig se disse surpreso com o sucesso do trabalho. Cientistas achavam até então que era necessário fazer as células regredirem a um estágio mais primitivo antes que elas pudessem mudar de direção.

"Para ser muito honesto, eu não tinha certeza de que iria funcionar. Foi um desses projetos de alto risco e alta recompensa", disse Wernig por telefone. "Funcionou, na verdade relativamente rápido".

A equipe já está tentando fazer o mesmo com células humanas, mas Wernig disse que nesse caso parece ser um pouco mais complicado.
Genes que 'mandam'
O grande foco da medicina regenerativa tem sido as células-tronco embrionárias humanas, que retêm a capacidade de gerar qualquer tipo de tecido do organismo. Mas seu uso é polêmico e restrito.

Nos últimos anos, os cientistas também conseguiram fazer células cutâneas regredirem para um estágio semelhante ao das células-tronco, quando são chamadas de células-tronco pluripotentes induzidas.

A nova experiência pula todas essas fase intermediária e, embora não signifique de imediato que não há necessidade do uso de células-tronco embrionárias, ela sugere que há um caminho para evitá-las.

Um problema das novas células é que elas não proliferam bem em laboratório e não vivem tanto quanto as células-tronco primitivas. Mas Wernig disse acreditar que será possível transformar as células cutâneas em todos os outros tipos.

"É preciso apenas encontrar o coquetel de transcrição correto, e você poderá transformar qualquer coisa que quiser em qualquer (outra) coisa que quiser", disse Wernig.

Fatores de transcrição são genes que dizem o que outros genes têm de fazer. Cada célula no organismo contém todo o mapa do DNA, ou genoma, mas só determinados genes operam em certas células.

 

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